29 de Março de 2020

O Brasil registra 4.256 infectados e 136 mortes confirmadas. No mundo, a pandemia já atingiu 657.258 pessoas e causou 30.469 mortes.

A principal notícia do dia é que o coronavírus começa a abater a principal arma na guerra que se trava contra a pandemia: os profissionais de saúde. No Brasil já há dezenas de médicos afastados do trabalho e alguns evoluíram para situações mais graves ou estão entubados nas UTIs dos hospitais de São Paulo. Dos Estados Unidos ao Paquistão há registros de mortes de enfermeiros e médicos.

A pior situação é da Itália, onde mais de seis mil profissionais de saúde foram contaminados: um a cada dez infectados é médico, enfermeiro ou auxiliar. Desde o início da pandemia, 51 médicos morreram por causa do coronavírus no país.

“Não respiro” foi a última mensagem do médico Marcello Natali, que morreu no dia 13, de coronavírus. Ele atuava na linha de frente em Codogno, onde ocorreu o primeiro surto da doença na Itália. Foi derrotado pelo inimigo invisível. Morreu sozinho, enfrentando o mesmo martírio de seus pacientes, diz reportagem do Estadão, que você lê aqui.

Os últimos momentos de Natali foram contados em carta escrita pelo amigo e médico Irven Mussi, que revelou, nas mensagens trocadas entre eles, a consciência de que a morte se aproximava. “Infelizmente, não estou bem. Dessaturo (queda da taxa de oxigênio no sangue) muito. Em uma máscara com 12 litros de oxigênio, chego a 85% (o normal é de 90% a 95%). Prevejo um tubo no curto prazo.”

Na carta, Mussi expressa sua raiva do governo italiano. “Não é por acaso que isso aconteceu. Fomos enviados para a guerra sem nenhuma proteção. Os soldados de infantaria pelo menos usavam capacetes”, escreveu. Em entrevista ao jornal, Mussi conta que Natali não é o único amigo que perdeu. “Todos os dias somos informados de um colega que se foi. Estamos com raiva. O governo nos abandonou, não nos forneceu dispositivos de proteção. Quisemos comprá-los com nosso dinheiro, mas as máscaras estavam em falta em todos os lugares.”

A Itália vive um caos, com quase cem mil casos de infectados. Uma em cada três mortes por coronavírus no mundo acontece no país, que esta semana registrou diariamente mais de 700 óbitos e milhares de novos casos.
As equipes de saúde italianas estão exaustas, doentes e sofrendo com a falta de máscaras. A reportagem do Estadão menciona os episódios de extremo estresse e até de suicídios de enfermeiros.

No Brasil, o noticiário focou no presidente da República, Jair Bolsonaro, que voltou a contrariar as recomendações do Ministério da Saúde e decidiu fazer um passeio pelas cidades-satélites de Brasília na manhã de domingo (29). Fez selfies com populares, contrariou a recomendação para manter distância mínima de um metro, e insistiu em propagar as supostas virtudes da hidroxicloroquina no combate à Covid-19. O Twitter apagou os vídeos postados por Bolsonaro, mostrando os passeios. Alegou violação de regras.

A imagem do dia vem da Inglaterra, onde crianças desenham arco-íris e colocam nas janelas. Todo o Reino Unido vive uma onda de solidariedade. Os profissionais de saúde de Oxford recebem, de um anônimo que se identifica como “James”, caixas de sapato com presentes. A pessoa deixa no estacionamento de dois hospitais alguns salgadinhos, frutas, papel higiênico e creme hidratante. Junto, um bilhete de agradecimento às equipes médicas pela luta contra o coronavírus. Em todo o Reino Unido, mais de 700 mil pessoas se inscreveram como voluntárias para ajudar o sistema público de saúde a cuidar dos grupos de risco em isolamento social.

Estatísticas

O Brasil registrou 352 novos casos da doença nas últimas 24 horas e 22 mortes. O maior número de casos de Covid-19 está em São Paulo (1.451 infectados, 98 mortes) e o menor no Amapá (4 infectados, nenhuma morte). Há registros de mortes por causa do coronavírus em São Paulo, Rio de Janeiro (17), Pernambuco (5), Ceará (5), Paraná (2), Rio Grande do Sul (2), Rio Grande do Norte (1) Goiás (1), Amazonas (1), Piauí (1), Bahia (1), Distrito Federal (1) e Santa Catarina (1). A maioria dos mortos é do sexo masculino (61%). A taxa de letalidade subiu para 3,2%.

Principais Notícias

Caiado convoca para trabalhar de graça em hospitais os que veem coronavírus como ‘gripezinha’. Leia

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Governadores se dizem indignados e prometem reagir a eventual decreto de Bolsonaro. Leia.

“Deus é brasileiro e a cura tá aí”, diz Bolsonaro sobre remédio ainda em teste contra Covid-19. Leia.

Twitter apaga postagens de Bolsonaro. Leia.

Metade das grandes empresas tem caixa para suportar até três meses sem receita. Feito com 245 companhias de capital aberto no País, levantamento tem como base o balanço de dezembro de 2019; analistas apontam que mesmo as empresas com folga financeira serão afetadas mais tarde. Leia.

Veja fotos das cidades brasileiras vazias.

Para pensar

As polêmicas do cientista francês que defende a cloroquina contra o coronavírus. Pesquisa foi feita com poucos pacientes e tem resultados questionados por parte da comunidade acadêmica. Já o cientista é conhecido por ser contrário à vacinação obrigatória. Leia.

Utilidades

Psiquiatra Adriano Segal ensina como cuidar da mente nos tempos de Covid. Assista aqui.

O Ministério da Saúde criou um canal para receber doações de insumos, materiais e equipamentos para o combate ao coronavírus. Para ajudar, basta enviar e-mail para juntoscontracovid19@saude.gov.br e informar o que pode doar, além das especificações do item e a nota fiscal ou declaração de propriedade. Entre os itens que podem ser doados estão desde máscaras, respiradores a equipamentos para realização de exames, como tomógrafos. Podem doar cidadãos e empresas nacionais ou estrangeiras, organizações internacionais ou mesmo países. A abertura do chamamento público para recebimento de doações foi publicada hoje (26), no Diário Oficial da União.

Ministério da Saúde lança canal para atender população no WhatsApp, pelo telefone: +55 (61) 9938-0031. Saiba mais. 

O jornal O GLOBO lançou guia gratuito para combater a ansiedade e ajudar a manter a mente sã. Especialistas dão dicas para uma rotina equilibrada e saudável durante o isolamento, evitando estresse e ansiedade. Leia aqui.

Boas notícias

Coronavírus: BNDES libera R$ 2 bilhões para ampliação de leitos do SUS e compra de equipamentos de saúde. Leia.

Gestos de gentileza amenizam o caos do coronavírus no Reino Unido. Leia.

Inteligência artificial vira arma na luta contra o coronavírus. Algoritmos podem ajudar a entender avanço do vírus, servir para detectar casos e prioridades em hospitais; conseguir dados confiáveis, porém, é o grande empecilho. Leia.

Em Israel, jovens vão aos campos para garantir a colheita durante a pandemia. Mais de 4.000 voluntários devem sair de centros urbanos e substituir mão de obra estrangeira. Leia.

O presidente da Natura, João Paulo Ferreira, anunciou que a empresa segue as orientações da OMS e tem como prioridade a união para vencer a pandemia. “Primeiro as pessoas, depois as coisas”, disse. Uma das primeiras empresas a reagir à crise do coronavírus, a Natura suspendeu a fabricação de perfume e maquiagem para focar em álcool em gel para doação e já começa a planejar as vendas do produto. Leia mais.

Como contribuir

  1. O Hospital Universitário Pedro Ernesto e a Piquet Carneiro Policlínica – que se preparam para dar suporte à população do Rio de Janeiro na crise do coronavirus – lançaram ontem uma campanha de arrecadação, uma vez que há necessidade de um grande volume de equipamentos e insumos, os quais extrapolam o orçamento das duas instituições. A campanha busca o apoio de empresários, ex-alunos e da comunidade para instalar mais 50 leitos de CTI, a um custo unitário estimado de R$ 100.000,00 cada um. Os leitos serão fundamentais para o suporte respiratório dos pacientes mais graves, aumentando as chances de recuperação. Toda e qualquer contribuição é bem vinda, seja para a aquisição e instalação de leitos de CTI, seja para aquisição de material de proteção individual e insumos para o combate ao COVID-19.
    Banco Bradesco – Ag. 6897 – conta 11-6.
    ERJ-UERJ/DAF – CONTA MOVIMENTO.
    CNPJ 33.540.014/0001-57.

2. Continua, em todo o País, uma série de campanhas para arrecadar dinheiro e equipamentos de proteção para profissionais de saúde. Se quiser fazer alguma doação, clique neste link e escolha uma entre as iniciativas.

3. Dois movimentos destinados à filantropia lançaram campanha conjunta, para convencer grandes fortunas brasileiras a doarem para o combate ao coronavírus. O objetivo é levantar recursos em um fundo emergencial para a compra de material hospitalar e equipamentos por quatro instituições públicas de saúde. A campanha usa a plataforma de crowdfunding (financiamento coletivo) para causas sociais BSocial. Clique aqui para acessar o site.

Em tempo real

Para acompanhar a evolução do número de casos e óbitos no Brasil, clique aqui.

Mapa da Covid-19 no planeta. Para acompanhar a pandemia no planeta clique aqui

Combate às Fake News

Recebeu no WhatsApp algum vídeo assustador ou notícia sobre métodos caseiros para se proteger do coronavírus? Melhor checar antes de espalhar a novidade. Veja as nossas sugestões: você pode entrar na página do Ministério da Saúde (clique aqui) e conferir se não é boato, alarmismo ou fake news. Outra opção é entrar na página do jornal O Estado de São Paulo, especialmente dedicada às Fake News ou do jornal O Globo, que acaba de lançar uma plataforma que ajudar a população a se manter informada sobre tudo o o coronavírus. Clique aqui para acessar a plataforma. Há também uma seção inteira da Folha de São Paulo que você acessa clicando aqui.

Idoso mostrado em postagem de Flávio Bolsonaro nunca teve Covid-19. Imagem dele foi usada em post alegando que a hidroxicloroquina havia sido responsável pela cura. A foto é do arquiteto Walter Balestra, internado em julho de 2019 por enfisema pulmonar. A família diz que Balestra jamais tomou hidroxicloroquina e não foi infectado pelo coronavírus. Leia aqui.

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Imagem: Crianças britânicas e arco-íris nas janelas. Foto: Mikal Ludlow/The Sun