Em 15 de abril de 2020, o Ministério da Saúde atualizou para 23.430 o número de casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus no Brasil. A doença já matou 1.736 brasileiros, sendo 204 nas últimas 24 horas. No mundo, a pandemia atingiu 2.060.927 pessoas e causou 134.354 mortes. Em todo o planeta 511,356 pessoas estão curadas da doença.
O destaque de hoje são as equipes médicas que, cada vez mais, protagonizam atos de heroísmo e dedicação nos hospitais de todo o planeta. São homenageadas pelo cartunista iraniano Alireza Pakdel.
São os médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, auxiliares, nutricionistas e faxineiros que emocionam a professora Wania Flintz quando ela fala de sua experiência como paciente de Covid-19. Portadora de diabetes, cardiopatia e hipertensão, a professora, de 68 anos, ficou internada por quase um mês na UTI de um hospital de Teresópolis/RJ (leia aqui). Ela teve alta no dia de seu aniversário e se emocionou ao falar dos profissionais de saúde: “Nunca imaginei que pudesse ser tão carinhosamente tratada numa UTI”.
Em São Paulo, no mesmo dia, outro momento emocionante: uma gestante em estado muito grave foi admitida na UTI do Hospital das Clínicas da FMUSP. A equipe constatou que o feto de 31 semanas estava em sofrimento e uma cesariana deveria ser feita com urgência. Entretanto, a mãe não tinha condições de ser transferida para o centro obstétrico. A equipe de saúde montou uma sala cirúrgica, em apenas uma hora, na própria UTI. A criança, uma menina, nasceu pelas mãos da obstetra Renata Lopes e passa bem. Uma idosa internada na UTI acompanhou toda a cena em oração. A pediatra que acompanhou o parto, Glenda Beozzo, conta que a criança “foi um pingo de luz dentro da UTI, aquele lugar cheio de sombras” (leia aqui).
As máscaras impedem de ver a luta emocional de médicos e enfermeiros. É fácil esquecer que ali estão seres humanos que sentem medo e inquietação. Um cirurgião brasileiro, sob pseudônimo, escreveu hoje para a coluna “Palavra de Médico”. Narrou, com desarmante sinceridade, os temores que carrega: de adoecer, de morrer, de contaminar a família, de não conseguir pagar as contas no fim do mês. E, ainda assim, estar a postos todos os dias.
Foi para as valorosas equipes médicas espalhadas pelo mundo que hoje tocou o sino principal da igreja de Notre-Dame, em Paris. Lembrou o primeiro aniversário do incêndio que destruiu parcialmente a catedral, mas soou exatamente na hora em que os franceses se reúnem nas janelas para aplaudir os profissionais de saúde, na linha de frente no combate à epidemia do novo coronavírus.
Estatísticas
O maior número de casos de Covid-19 está em São Paulo (11.043 infectados, 788 mortes) e o menor no Tocantins (26 infectados, uma morte). Nesta quarta-feira, todos os estados e o DF registram casos e óbitos: São Paulo, Rio de Janeiro (265), Pernambuco (143), Ceará (116), Amazonas (106), Paraná (38), Maranhão (34), Santa Catarina (28), Minas Gerais (30), Bahia (27), Rio Grande do Norte (19), Rio Grande do Sul (19), Distrito Federal (17), Pará (21), Goiás (15), Espírito Santo (18), Paraíba (21), Piauí (8), Amapá (7), Mato Grosso (4), Mato Grosso do Sul (4), Sergipe (4), Alagoas (5), Roraima (3), Acre (3), Rondônia (2) e Tocantins (1).
Palavra de Médico
Yuri Pasternak (pseudônimo)
“Não, eu não estou na linha de frente. Mas já vi a face feia do vírus. Não gostei. Confesso: tive medo. Pela primeira vez em 19 anos de profissão, tive medo.
Tive medo porque é extremamente contagioso, porque não tem cura, porque pode matar, de uma morte feia e solitária. Tive medo, ainda tenho. Medo por mim, medo pela minha família.
O medo, simplesmente o medo, me faz colocar a máscara antes de sair de casa. E passei a lavar as mãos até descamar toda a pele. Pés de galinha, sim, mas limpinhos. E, Deus queira, sem o corona. O medo me faz chegar em casa e me despir na área de serviço, deixando lá minhas roupas de leproso.
Medo.
Como se não bastasse, sobra ainda um tempo para a questão financeira me cutucar à noite. Cirurgias e consultas eletivas suspensas, com pouca perspectiva de melhora. Quanto tempo iremos aguentar dessa forma? Hospitais e operadoras querendo cortar a remuneração. Quais as opções?
Muito tempo livre. Demasiado. Cabeça vazia, oficina da treta: internet enlouquecida, notícias absurdas, notícias falsas, acusações, ofensas, blocks. Correntes de WhatsApp: remédios milagrosos, teorias da conspiração, “histórico de atleta”…
Medo.
Medo de estar à deriva, com os timoneiros brigando pelo leme enquanto o barco afunda. Medo de virar estatística apenas porque algum idiota acha que está tudo bem. A dolorosa percepção que a sociedade é uma força irresistível, e eu estou em uma sociedade idiotizada. Uma raiva surda, calma e sem nenhum espanto. “Você pensava que estava onde?”
Tento me organizar. Retomar algumas atividades. Quando trabalho, quando opero, o medo passa. Aproveito para ficar mais com minha família, fazer quebra-cabeças, ouvir música, ver documentários. Alivia bastante. Mas não totalmente.
Medo.
Talvez no final do ano isso tudo tenha passado. E possamos voltar a uma vida quase que normal. Mas para isso, precisaremos estar aqui: vivos. Espero que nisso, o medo me ajude”.
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Ajudando a salvar vida,grata por isso.Estou sempre me informando,tenho 68a estou reclusa em casa como muitas outras pessoas,inconformada também. Muitas vezes perdida no excesso de informações,
tentando pensar num futuro próximo,sem ser esse nefasto que nos aguarda.
Seu trabalho é valioso,grata e fique em casa.
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