No dia 23 de abril de 2020, o Brasil registrou 407 mortes por Covid-19. Um novo recorde diário que elevou o total de de óbitos no país para 3.313. Em sete dias, morreram 1.172 brasileiros.

Segundo o Ministério da Saúde, o número de infectados chegou a 49.492, com 3.735 novos casos confirmados nas últimas 24 horas. Os curados totalizam 26.573.

No mundo, a pandemia já infectou 2.716.917 pessoas e matou 190.985. Foram considerados curados 743.151.

As principais notícias estão relacionadas ao aumento do número de infectados e de óbitos no Brasil; às primeiras entrevistas do novo ministro da Saúde, Nelson Teich; aos novos estudos sobre o coronavírus; e às histórias de quem sobreviveu à doença. .

A imagem do dia vem do Canadá, onde o fotógrafo Carlos Osorio, da Agência Reuters, flagrou filhotes de raposa em um calçadão popular no Lago Ontário, em Toronto.

Em todo o planeta a vida selvagem invade os espaços antes ocupados pelos humanos. Raposas são vistas em parques e estacionamentos em Israel e no Canadá; cabras pastam nos jardins e passeiam nos pátios das igrejas do país de Gales; um coiote posa na rodovia ao lado da Golden Gate, em San Francisco (EUA); cervos passeiam nas ruas de pequenas cidades britânicas; gangues de macacos brigam na ruas da Tailândia; javalis atravessam na faixa de pedestres em Haifa; e um puma invadiu uma área residencial chilena.

A mais impressionante imagem mostra uma água-viva, fotografada nadando nos canais de Veneza. Do outro lado do Atlântico, um falcão de cauda vermelha se regala com um pombo no Central Park, com a silhueta de Manhattan ao fundo. Sem os turistas, a grama cresce entre as pedras da Piazza Navona, no centro de Roma, e a vegetação encobre um parquinho infantil no centro de Khiam, no Líbano. Veja aqui as fotos.

Em cada uma dessas imagens, um alerta sobre a capacidade de regeração da natureza e um convite à reflexão e à esperança.

Análise: a estreia do novo ministro da Saúde

O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, concedeu suas duas primeiras entrevistas coletivas, mas ainda não conseguiu conquistar o apoio popular desfrutado por seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta. Na primeira entrevista – após ser submetido a um treinamento de mídia a fim de se mostrar mais desenvolto – o ministro usou de um vocabulário técnico que foi melhor compreendido por médicos e administradores de hospitais.

Aparentemente nervoso, o que é compreensível, surgiu como um contraponto a Mandetta. Este aparecia descontraído nas coletivas, vestindo um colete do SUS, chamando os auxiliares pelo primeiro nome, tomando café, falando à população de forma despojada, explicando números e se valendo de frases que atingiam o coração dos que o assistiam: dava conselhos, repetia que médico não abandona paciente e recomendava fortamente o isolamento a fim de frear o avanço da pandemia. Ajudava-o, sem dúvida,a experiência política, que seu sucessor não possui.

Vestindo um terno escuro, Teich estreou falando baixo e parecendo pouco à vontade, cercado por dois generais – um deles será seu secretário-executivo. Visivelmente nervoso, pôs grande foco no plano Pró-Brasil, destinado a recuperar a economia brasileira após a pandemia, mas elaborado sem a participação do Ministério da Economia. Soou vago em alguns momentos e excessivamente técnico em outros. Acabou por errar algumas estatísticas da Covid-19 no país, o que – somado à sua postura contida – custou-lhe críticas nas redes sociais e em diversas colunas e blogs. Boa parte da população o viu como apático, frio e sem independência perante as opiniões do presidente da República.

Na segunda entrevista – que ele cancelou horas antes e acabou por mudar de ideia novamente – falou ainda menos. Pontos favoráveis foram o fato de abordar duas questões sensíveis, contrariando posições defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro, sem partir para o confronto aberto.

No primeiro assunto, informou que o Ministério da Saúde não recomendará o uso de cloroquina para tratamento da Covid-19 sem que haja estudos sólidos para validar a utilização. Explicou que a decisão desta quinta-feira (23/4) é uma “autorização” para que o Conselho Federal de Medicina (CFM) possa liberar a prescrição do remédio a pacientes em estado leve da doença, sem que os médicos corram risco de serem punidos por isso.

O segundo ponto positivo refere-se à resposta sobre o isolamento social. Na entrevista de estreia, ele havia informado que o governo prepara diretriz para reduzir o isolamento no Brasil. Ontem, diante da alta expressiva do número de casos, foi mais cauteloso. Disse que o plano para transição não deverá ser posto em prática “amanhã” e enfatizou que o modelo pode até ser mantido se for “o melhor para a sociedade”.

Já o ponto negativo foi a maneira como informou à população que o número de mortes e infecções havia subido significativamente. Na véspera, Teich já havia errado ao dizer que não esperava um “crescimento explosivo” de casos da Covid-19 no país. Foi desmentido pela realidade.

Diante de um número tão dramático – 407 mortes – o ministro deveria ter humanizado o discurso, mostrado sensibilidade ao falar para uma população que perdeu parentes e amigos; e dado de forma menos seca a notícia que inquietou o País. É para isso que servem os treinamentos de mídia: estabelecer uma comunicação efetiva com o público.

O ministro Teich precisa aprimorar o discurso. Sem demora. E não se diga que é menos importante. Planilhas e bons planos podem naufragar se a população alvo não compreender o cenário e confiar em quem lhe entrega a informação e pede sua cooperação.

Estatísticas

As mortes por Covid-19 estão concentradas nos estados de São Paulo (1.134), Rio de Janeiro (530) e em Pernambuco (312).

Eis o número de óbitos nos demais estados: Ceará (266), Amazonas (234), Maranhão (76), Paraná (60), Bahia (59), Pará (53), Minas Gerais (51), Espírito Santo (42), Paraíba (40), Santa Catarina (39), Rio Grande do Norte (34), Rio Grande do Sul (29), Distrito Federal (25), Goiás (23), Alagoas (22), Amapá (16), Piauí (15), Acre (10), Mato Grosso do Sul (7), Mato Grosso (7), Sergipe (7), Rondônia (5), Roraima (3) e Tocantins (1). A letalidade da doença no país está em 6,4%.

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