Perdemos a primeira metade de 2020. O vírus que promoveu uma reviravolta na vida planetária nos trancou em casa durante todo o primeiro semestre do ano, alterou economia, lazer, saúde, educação e relações sociais. Um impacto inesperado, desarmante, com o qual ainda não sabemos lidar.
A prolongada quarentena nos deprime e aflige. O medo onipresente nos acua. A pressão faz aflorar as reações mais imprevisíveis, uma raiva que explode à menor provocação, um desejo de revanche que nos atira a uma selvagem disputa nas redes sociais e aumenta as estatísticas de violência doméstica. As emoções nos dominam, borbulham no coração e escorrem corpo afora, aumentando as penas de todos.
A convulsão coletiva é o resultado de temores vários: pela vida, pela saúde, pelos amores, pela sobrevivência financeira – não necessariamente nesta ordem. A fogueira das paixões políticas permanece alimentada, galvanizando ódios, fraturando ainda mais a já frágil união nacional. Ela ecoa outras convulsões que abalam as estruturas de vários países.
Ontem, o número de infectados no Brasil chegou a 1.233.147 pessoas, com 55.054 mortes. Os recuperados totalizam 662.076 e os demais estão em tratamento. No mundo, a pandemia já infectou 9.588.717 pessoas e matou 488.824. São considerados recuperados 4.822.067. Significa que no Brasil e no mundo, há milhões de pessoas ainda em recuperação nos hospitais. Pessoas com sequelas graves, que precisam de fisioterapia e cuidados médicos.
O cálculo do Fundo Monetário Internacional é que a economia global sofrerá um baque de 12 trilhões de dólares. O FMI aumentou de 3% para 4,9% a queda no crescimento global. No horizonte desenha-se desemprego, falência generalizada e rara disposição para o sacrifício, a cooperação e a sobriedade. Ao contrário, permanece alta a disposição para fraudes, desvios de recursos públicos e velhacarias, além de um furor para a retomada de festas, compras, viagens e aglomeração em locais públicos.
No Brasil de tantas desigualdades, a imagem do dia é do fotógrafo Ueslei Marcelino, da Agência Reuters, que registra o trabalho das equipes médicas na ilha de Marajó, no Pará. Veja aqui mais fotografias.
A Amazônia permanece uma realidade à parte no cenário brasileiro, um atroz retrato do abandono. Ali, pobreza de gente e riqueza natural se entrelaçam há séculos, sem que nenhum governo se sensibilize e mude o panorama. Um almoxarifado exaurido ano após ano.
Para os amazônidas, a Covid-19 é a mais nova face da morte sem assistência mínima. Morte anônima, indigna, desrespeitosa. O Estado brasileiro é indiferente ao choro dos nortistas.
Estatísticas
Segundo o consórcio dos veículos de imprensa, no Brasil, as mortes por Covid-19 estão concentradas nos estados de São Paulo (13.759), Rio de Janeiro (9.450), Ceará (5.895), Pará (4.803) e Pernambuco (4.488).
Eis o número de óbitos nos demais estados: Amazonas (2.710), Maranhão (1.871), Bahia (1.601), Espírito Santo (1.490), Alagoas (958), Paraíba (842), Rio Grande do Norte (858), Minas Gerais (806), Piauí (574), Sergipe (554), Paraná (526), Distrito Federal (509), Rio Grande do Sul (500), Mato Grosso (476), Rondônia (467), Amapá (394), Santa Catarina (289), Goiás (384), Acre (335), Roraima (271), Tocantins (183) e Mato Grosso do Sul (61).
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Conheça as histórias dos brasileiros que morreram em consequência da Covid-19.
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