Foi um dia difícil. Um grande número de brasileiros passou boa parte dele a checar as redes sociais e sites de notícias para saber se, afinal, o ministro da Saúde seria demitido.
Todos vimos a aflição que tomou alguns amigos depois das declarações do presidente da República que apontavam para a demissão de Luiz Mandetta.
Este é um tempo desafiador. Estamos diante de uma doença nova, para a qual ainda não há remédio e cujos efeitos a longo prazo desconhecemos. Já atingiu mais de um milhão de humanos, matou mais de 500 brasileiros e obrigou o planeta inteiro a se trancar nas casas.
Isolados, bombardeados por um noticiário assustador, com uma pandemia nos calcanhares, não precisávamos de mais agonia.
Momentos como esse, apesar da incerteza das horas, são ideais para os governantes se converterem em homens inspiradores, cuja liderança serena oferece segurança e conforto ao cidadão que teme pelo futuro.
Não tem sido, até aqui, o caso do presidente Bolsonaro. Suas palavras alimentam o fogo das disputas e inquietam mentes e corações, num movimento desnecessário.
Mal aconselhado pela ala ideológica dos assessores, permite que sentimentos menores o tomem.
Ao sair para o trabalho hoje, o presidente ouviu da boca de um apoiador a frase envenenada: “Presidente, não deixe te transformarem na rainha da Inglaterra, viu?”. Gota certeira de vinagre na ferida da vaidade. Logo em seguida ressurgiu com força a boataria que Mandetta seria exonerado.
Pensei nesta frase do suposto apoiador durante todo o dia. E concluí que, apesar da malícia embutida, poderia encerrar uma lição importante para todos nós.
Elizabeth II, 93 anos, está há 68 anos no poder. Presenciou o governo de 138 primeiros-ministros da Commonwealth e 13 PMs britânicos. Encarou a dureza da II Guerra, os ataques terroristas a Londres e mil outras crises internas. Sobreviveu a todas e se há uma palavra que se pode usar para defini-la é “estóica”.
Fez no domingo um raro pronunciamento à Nação. Disse ao seu povo que os tempos são difíceis e trouxeram dor a alguns, problemas financeiros a muitos e enormes mudanças para todos.
Vestida com a cor da esperança, a voz calma de sempre, ergueu o espírito nacional dos britânicos, louvou o altruísmo das equipes de serviços essenciais e dos que ficaram em casa. Falou da confiança na ciência e da importância do trabalho conjunto.
“Juntos, estamos enfrentando esta doença e quero garantir que, se permanecermos unidos e resolutos, vamos superá-la. Teremos sucesso – e esse sucesso pertencerá para todos nós.
Quem vier depois de nós dirá que os britânicos desta geração eram tão fortes quanto qualquer outro. Que os atributos da autodisciplina, da calma e bem-humorada determinação e do sentimento de companheirismo ainda caracterizam este país.”
Após um dia inteiro meditando sobre isso, penso que a frase deveria ser refeita:
“Presidente, imite a rainha da Inglaterra!”.
Nesse momento precisaríamos de um presidente que se preocupasse com a população , não com a manutenção do poder dele, era preciso que nosso presidente deixasse de se preocupar com as empresas que lucram bilhões ou milhões e se preocupar com os trabalhadores que sem ajuda do governo não tem escolha a não ser sair para trabalhar .
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