Subiu para 36.599 o número de casos confirmados de coronavírus no Brasil. Nas últimas 24 horas foram 2.917 novas confirmações. O número de mortes também aumentou, agora são 2.347, representando uma taxa de letalidade da doença no Brasil de 6,4%. No planeta o número de infectados é de 2.329.539, o de mortos é de 160.717 e o de recuperados soma 595.229 pessoas.
A coluna Palavra de Médico de hoje é o Manifesto do Colegiado dos Professores Titulares da Faculdade de Medicina da USP. Uma chamada corajosa aos princípios éticos da Medicina. Os filhos de Arnaldo iniciam o texto com as frases de Hipócrates (Curar quando possível; aliviar quando necessário; consolar sempre) para em seguida informar que “frente à pandemia de COVID-19, ainda não existe tratamento cientificamente eficaz disponível em nenhuma parte do mundo”.
O documento prossegue lembrando que “como sempre ocorre em situações dramáticas como essa, esperanças falsas ou sem comprovação científica surgem como remédio para todos os males. Governantes omitem suas obrigações constitucionais para enveredar por caminhos fáceis que invariavelmente chegam a um ponto sem saída. Cabe a nós, médicos, mostrar que não há solução fora da ciência”.
Os professores advertem que “ao contrário do que se apregoa, as nossas convicções sólidas em princípios científicos não implicam contraposição às ações espirituais. Nesse momento, gostaríamos de manifestar nossa compaixão, com nossos mais profundos sentimentos, aos familiares dos mais de mil brasileiros mortos. Ao mesmo tempo, queremos compartilhar esperança com aqueles que estão em sofrimento nas enfermarias e terapias intensivas, para que consigam superar esta fase e que se recuperem. Que todas as crenças unam suas preces. Dentro dos princípios de apoio mútuo a todos que sofrem, seja nos hospitais ou nos isolamentos em domicílio”.
Por fim, o texto observa que “a COVID-19 representa o maior desafio de nossa geração. Nós a venceremos com ações coletivas de prevenção e com uma medicina que se alicerce nos conhecimentos científicos, no compromisso com a ética e na empatia aos doentes” e termina com a manifestação de “que a união de todos, nesse momento crítico, permita mantermos de pé os princípios sagrados jurados, quando de nossa investidura como médicos”. Leia a íntegra no final desta edição ou no site da FMUSP.
A imagem do dia mostra a cantora Lady Gaga, que organizou o “One World: Together At Home” (“Um Mundo: Juntos em Casa”). A estrela pop reuniu gigantes da música mundial a fim de arrecadar recursos para a luta mundial contra o coronavirus. Atores, cantores e ídolos do esporte participaram do concerto que homenageou os profissionais da saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia.
Os destaques foram as apresentações dos lendários músicos Stevie Wonder, Paul McCartney, Elton John e Eddie Vedder, e de estreantes de peso no cenário musical, como Billie Eilish. Os Rolling Stones incendiaram o Twitter ao trazerem o baterista Charlie Watts tocando uma bateria imaginária em “You Can’t Always Get What You Want”. Jennifer Hudson fez uma performance memorável de Hallellujah, de Leonard Cohen.
Gaga abriu a segunda parte do festival cantando o clássico Smile. A música, originalmente composta por Charlie Chaplin em 1936 e consagrada por Nat King Cole em 1954, foi a escolha perfeita para a mensagem de esperança que a cantora desejava transmitir. “Se você sorrir em meio ao seu medo e tristeza, sorria e talvez amanhã você veja o sol brilhando para você”. Assista aqui.
O festival encerrou com Lady Gaga, o pianista chinês Lang Lang, o músico norte-americano John Legend, o tenor italiano Andrea Bocelli e a canadense Celine Dion interpretando juntos “The prayer”.
Principais Notícias
A maior parte dos casos de Covid-19 no Brasil está localizada no estado de São Paulo, com 13.894 casos confirmados e 991 mortes, seguido do Rio de Janeiro, com 4.543 casos e 387 óbitos.
O menor número de infectados está no Tocantins (33 casos, uma morte). Eis o número de mortos nos demais estados e no DF: Pernambuco (205), Ceará (176), Amazonas (161), Paraná (46), Maranhão (44), Minas Gerais (39), Bahia (37), Pará (33), Santa Catarina (31), Espírito Santo (28), Paraíba (26), Rio Grande do Norte (24), Rio Grande do Sul (24), Distrito Federal (24), Goiás (18), Amapá (10), Piauí (9), Mato Grosso (5), Mato Grosso do Sul (5), Sergipe (5), Acre (5), Alagoas (7), Roraima (3), Rondônia (3) e Tocantins (1).
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Combate às Fakes News
É falso que pesquisadores de Harvard concluíram que isolamento pode piorar a situação. Estudo aponta, na verdade, que medidas de distanciamento podem evitar colapso da rede hospitalar. Leia.
Recebeu no WhatsApp algum vídeo suspeito ou notícia sobre métodos revolucionários para se proteger do coronavírus? Melhor checar antes de espalhar a novidade. Veja as nossas sugestões: você pode entrar na página do Ministério da Saúde (clique aqui) ou no site elaborado pela equipe do G1 (aqui) a fim de conferir se não é boato, alarmismo ou fake news. Outra opção é entrar na página do jornal O Estado de São Paulo, especialmente dedicada às Fake News. O jornal O Globo lançou uma plataforma que ajuda a população a se manter informada sobre tudo acerca do coronavírus. Clique aqui para acessar a plataforma. Há também uma seção inteira da Folha de São Paulo que você acessa clicando aqui.
Palavra de Médico
Manifesto do Colegiado dos Professores Titulares da FMUSP
“Curar quando possível; aliviar quando necessário; consolar sempre”
Essas são frases de Hipócrates, a quem, médicos, prestamos juramento. A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo materializa os princípios hipocráticos com um plátano originário da ilha de Cós, onde se iniciou a medicina como a conhecemos hoje, que está plantado na nossa sede, a Casa de Arnaldo.
Seguindo esses preceitos milenares, informamos que frente à pandemia de COVID-19, causada pelo vírus SARS-COV-2, ainda não existe tratamento cientificamente eficaz disponível em nenhuma parte do mundo. Como sempre ocorre em situações dramáticas como essa, esperanças falsas ou sem comprovação científica surgem como remédio para todos os males. Governantes omitem suas obrigações constitucionais para enveredar por caminhos fáceis que invariavelmente chegam a um ponto sem saída. Cabe a nós, médicos, mostrar que não há solução fora da ciência.
Médicos e cientistas em todo o mundo estão à procura de uma solução para o tratamento do coronavírus. Esperamos que surjam medicamentos para o tratamento da COVID-19, que possam tal como os antibióticos que reduziram as principais causas de sofrimento da humanidade, até a metade do século passado, como a sífilis e tuberculose. Para que esse medicamento seja descoberto, aprendemos há décadas que a escolha de um tratamento eficaz depende de etapas muito bem estabelecidas e controladas para permitir que o medicamento inovador, seja tanto efetivo, como ao mesmo tempo não traga danos a quem se utilize dele. O fato de não termos um remédio para o coronavírus, não significa que não sabemos reduzir o impacto da infecção causada pelo vírus. Ao contrário, o conhecimento em tratar a insuficiência respiratória permitiu reduzir em muito a letalidade prevista para a COVID-19.
As infecções atingem os seres humanos comprometendo diferentes órgãos, de forma diferenciada. O coronavírus causa uma pneumonia grave que motiva a insuficiência respiratória que pode levar à morte. Consequentemente, o tratamento da insuficiência respiratória é a etapa mais importante para reduzir os óbitos pela COVID-19. Para que o atendimento à insuficiência respiratória esteja disponível a todos na população atingidos pela forma grave da COVID-19, é necessário um sistema de saúde que diferencie os casos mais simples dos mais graves.
Para alcançar esse objetivo, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP realizou a operação mais audaciosa nos 76 anos de sua existência. Transferiu todos os leitos do Instituto Central para os demais institutos e com isso disponibilizou vagas para a população com suspeita ou confirmação da infecção por COVID-19 com a maior unidade de terapia intensiva no país com, 200 leitos. Desta maneira, priorizamos o atendimento destes pacientes com COVID-19, reduzindo, mas sem deixar de atender outros pacientes com doenças graves pertencentes ao nosso Complexo HC.
Para o sucesso dessa empreitada são fundamentais, além de estrutura e equipamentos, a presença diuturna de médicos, ao lado de enfermeiros, cuidando de cada um dos doentes, fisioterapeutas ajustando os ventiladores respiratórios, nutricionistas, farmacêuticos, técnicos de laboratório e de radiologia. Enfim, todo um exército de profissionais que se arriscam nesse momento para cumprir suas funções. Nós, médicos, sabemos que sem eles, na arte e na missão que temos em diagnosticar e prescrever, o tratamento não se realizaria.
Assim, temos uma equipe que alivia o sofrimento daqueles internados em uma unidade de terapia intensiva, assim como seus parentes acudidos pelas nossas equipes de atendimento hospitalar, serviço social e psicologia. Além disso, foi criado um atendimento on-line para nossos médicos e colaboradores para atendimento de saúde emocional.
Outro ponto do nosso juramento é o de consolar sempre. Sabemos que muitas vezes, medicamentos ou outras ações não medicamentosas, apesar de não trazerem benefício comprovado, podem significar aos nossos pacientes, uma sensação de alívio do sofrimento. Esse é o momento que a ciência nos deixa, para que a arte se imponha. Trata-se de momento sublime da relação médico-paciente. Momento íntimo, onde a privacidade é fundamental e, ninguém poderá exigir que o ocorrido nesse relacionamento seja escancarado à opinião pública, questionando se houve prescrição de tal ou qual medicamento.
Ao contrário do que se apregoa, as nossas convicções sólidas em princípios científicos não implicam contraposição às ações espirituais. Nesse momento, gostaríamos de manifestar nossa compaixão, com nossos mais profundos sentimentos, aos familiares dos mais de mil brasileiros mortos. Ao mesmo tempo, queremos compartilhar esperança com aqueles que estão em sofrimento nas enfermarias e terapias intensivas, para que consigam superar esta fase e que se recuperem. Que todas as crenças unam suas preces. Dentro dos princípios de apoio mútuo a todos que sofrem, seja nos hospitais ou nos isolamentos em domicílio.
A COVID-19 representa o maior desafio de nossa geração. Nós a venceremos com ações coletivas de prevenção e com uma medicina que se alicerce nos conhecimentos científicos, no compromisso com a ética e na empatia aos doentes. Esses são os princípios que herdamos de nossos mestres. Como professores titulares dessa Casa de Arnaldo, assim, nós nos manifestamos aos nossos alunos, de graduação e de residência, aos profissionais de saúde, aos nossos pacientes e familiares e à população em geral.
Que a união de todos, nesse momento crítico, permita mantermos de pé, os princípios sagrados jurados, quando de nossa investidura como médicos.