Acorda, minha filha, que tenho algo a dizer. Algo bom.
Nem dava para imaginar. A manhã havia surgido nublada. Nada indicava que seria diferente daqueles outros dias de bruma e tédio, janelas fechadas e uns olhos baixos.
A esperança, entretanto, sabe abrir caminho entre sombras.
Eu a senti chegando. Tinha passos leves e aroma de brisa fresca. Abriu as portas e liberou um grito longamente reprimido. Ele rompeu o silêncio, levantou a poeira das ruas, despertou andorinhas.
Quem gritava? Nós. Todos nós. A voz coletiva, catártica, tudo invadiu. Seu hálito escapou pelas frestas, agitou as folhas.
Uma cerejeira floriu. Flores adormecidas no berço dos botões viram a claridade. Pardais também vieram. Piavam.
A esperança estendeu um lençol de seda verde sobre o mundo. É ele que me cobre enquanto seguro a tua mão e sussurro ao teu ouvido: Há um remédio para este mal.
Acorda, minha filhinha, vem ver a luz do dia.
***
Pintura: Windflowers. John William Waterhouse
Ai Sonia, que dom esse seu!
Essa sua visão de esperança me arrepiou, emocionou e – o melhor: me contagiou aqui.
Que essa dádiva volte em dobro pra você!
Com muito carinho,
Thanya
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Minha querida invisivel p mim mas tão presente no meu coração.
OBRIGADA,sempre acho um tempo p ler suas cronicas,suas tão bem escritas linhas.
Peço muita saúde p vc e Claudio
Beijos
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